sábado, 10 de março de 2018

II Seminário: Geografia, Artes, História e Cultura; Educação do Campo: Sujeitos e Práticas

II Seminário Pibid Diversidade LECampo FaE/UFMG

No dia 15/01/2018, nas dependências da Faculdade de Educação da UFMG, foi realizada pelos estudantes do LECampo/UFMG uma mística para abertura do II Seminário do PIBID Diversidade LECampo. Os estudantes cantaram um apelo para a manutenção do programa e o fim da residência pedagógica. 
Mística de abertura do II Seminário do PIBID Diversidade LECampo
O evento contou com a participação dos graduandos vindos de diversas cidades de Minas Gerais, os Supervisores do Campo, os Supervisores UFMG e os coordenadores dor programa na UFMG. Durante a manhã foram realizadas as apresentações sobre os Projetos de Intervenção Pedagógica elaborados e desenvolvidos ao longo do ano de  2017. As apresentações aconteceram em 6 salas temáticas: Leitura e Escrita; Matemática e Ciências; Meio Ambiente, Alimentação e Saúde; Geografia, Artes, História e Cultura; Educação do Campo: Sujeitos e Práticas. 
Os projetos foram expostos pelos estudantes na forma de banners que posteriormente foram expostos no hall de entrada da FaE-UFMG e mais tarde levados para as escolas em que os estudantes realizaram suas atividades. 

A seguir, e nas próximos postagens, apresentamos algumas considerações da relatora Maria Afonso que acompanhou os trabalhos apresentados na sala temática Geografia, Artes, História e Cultura; Educação do Campo: Sujeitos e Práticas. 


Resgatando a história e a cultura do município de São João das Missões 

Shirley CSH 
No desenvolvimento do projeto, os alunos concordaram em participar apenas por ser uma atividade avaliada. Shirley aponta que os alunos são bem complicados de lidarem quanto a indisciplina. Houve diálogo para saber o que os alunos achariam mais importante para expor nos murais que seriam desenvolvidos da atividade. A mediadora Mônica fala sobre como desenvolver mecanismos para contornar o desânimo dos alunos como ponto crucial na formação de professores. É essencial a motivação dos professores e a forma como os alunos serão motivados. Mônica questiona como a estudante conseguiu motivá-los enquanto docente. Ela diz que ao iniciarem as pesquisas, os alunos foram se interessando mais pelo tema. A mediadora ressalta a importância de que cada docente saiba como fazer com que os alunos fiquem motivados pelas aulas e projetos. É preciso pensar situações para despertar o interesse dos alunos antes de começar o projeto, trazer convidados, envolver a comunidade. Shirley informa que o projeto foi desenvolvido na aula de Geografia.


Temas transversais como instrumento de compreensão e problematização

Andreia CSH
O projeto foi desenvolvido na EFA de Natalândia/MG. Andreia é monitora da escola, fica uma semana na escola, uma semana em casa. A escola está localizada em um assentamento de reforma agrária, a 17 Km de Natalândia, a associação do assentamento doou o terreno para construção da escola que atende alunos a partir do 8º ano até o Ensino Médio oriundos de assentamentos e agricultores familiares. Os temas propostos no projeto já eram familiares a eles. O objetivo era consolidar conceitos, desconstruir conceitos transmitidos pela mídia, desconfiar do que a mídia transmite. O tema surgiu a partir de problemas ocorridos em um presídio, onde alguns presos foram decapitados e os Direitos Humanos interviram a favor dos decapitados. Os alunos não concordavam com a defesa dos presos. A discussão ficou em torno de como tratar um ser humano com humanização em um sistema prisional. A estudante buscou contribuir com o processo de ensino aprendizagem, discutir a visão distorcida que a sociedade tem a respeito dos movimentos sociais, trabalhar os conceitos de Educação DO e NO campo.


Os temas abordados são relevantes para fortalecer a luta pelos direitos sociais, a terra, por uma educação de qualidade. Os alunos têm 26 disciplinas e os temas trabalhados foram discutidos com os alunos e divididos em grupo antes de eles voltarem para o tempo comunidade. Andreia diz que, pela pouca idade dos alunos, não foi possível aprofundar muito os temas que são complexos. Andreia escolheu a escola por ter estudado lá e atualmente ser monitora. Importante reforçar a valorização do campo e luta pela terra com os alunos para que se percebam protagonistas da história da luta perla terra.
Metodologia: O professor já vinha fazendo o trabalho com os alunos. Então Andreia iniciou com a apresentação dos temas, conceituando-os. A comentarista Mônica falou da importância de fornecer subsídios aos alunos, antes de solicitar escrita de textos sobre o tema. É preciso também identificar os textos, seus gêneros. Andreia reforça que a discussão sobre o tema foi feito no TE e TC com duração de 18 dias.Foi falado que os professores não devem achar que os alunos não dão conta de certos temas a serem trabalhados. Mas sim, tomar consciência da importância do professor como mobilizador da aprendizagem dos alunos.


 Manifestações Culturais que fazem parte da história de Jequeri

Maura CSH
Maura diz que pensou seu projeto com base em suas experiências com outros projetos: Manifestações Culturais que fazem parte da história de Jequeri. Realizou as atividades na escola EE Padre Benevenuto, onde estudou e fez estágio e atualmente cursa Magistério de nível médio. Escolheu o nono ano. Teve desafios com a troca de professores com a qual havia feito o planejamento e entrou de licença. Tem alunos difíceis, um aluno com deficiência, mas mesmo com os desafios, ela realizou o projeto. Procurou os conceitos de cultura para dar início aos trabalhos. Queria algo concreto para deixar na escola como fonte de pesquisa, assim pensou em um livro simples.  Pensou que seria importante ter emoção no projeto. 


A princípio os alunos deveriam trazer informações das pessoas da família e comunidade, em relação a cultura. Importante que o trabalho seja pontuado com nota pela professora, para incentivar mais os alunos. O livro feito teve diversos textos produzidos pelos alunos. A aluna acredita que os alunos relembraram a cultura de seus antepassados, sendo possível contribuir na constituição de suas identidades. Mônica reforça que, “talvez a dificuldade que alguns alunos tenham seja proveniente de suas famílias e a escola é um lugar de explosão dos conflitos familiares. É na escola que os alunos expressam os sentimentos de raiva, angústia. Neste sentido, o professor precisa cada vez mais humanizar o processo de aprendizagem. É preciso saber lidar com as emoções dos alunos, interagir com eles, aprender e ensinar. É pelos sentidos que se mobiliza os alunos. Pelos sentimentos”.
O que a escola está fazendo para que os alunos não cheguem a escola só por causa de nota? É preciso pensar uma formação holística, mobilizar os alunos a se desenvolverem enquanto sujeitos de sua própria história, questiona Mônica.


O silêncio das memórias: o acontecer de Icaraí registrado na telinha 

Elisane LAL, Jéssica CSH, Cleuves MAT
Desenvolveram o projeto na EJA 1º ano do ensino médio, com 20 alunos de 17 a 45 anosApresentaram o projeto ao diretor e solicitaram recursos tecnológicos. Apresentaram os temas aos alunos e dividiram as equipes e roteiros. Pediram autorização para a pesquisa. Cada um teve um momento para montar o roteiro, questões que eles mesmos elaboraram. Dividiram o que cada um iria fazer no planejamento. Foram momentos de descontração. Gravaram o jornal na bancada da câmara municipal. Para utilizar o espaço enviaram ofício. Pesquisaram sobre a cooperativa, os menores e maiores produtores de leite. Maior produtor: 800 litros/dia. Menor: 100 litros/dia (associados da cooperativa). Entregam na Nestlé. Para culminância houve um jantar de confraternização, onde foi apresentado o jornal, produto do trabalho dos alunos. Para avaliar pediram um texto dissertativo, onde os alunos contaram sobre seu aprendizado. Se comprometeram muito, inclusive trabalhando aos finais de semana já que a maioria trabalhava durante o dia. No jornal, contaram várias histórias do lugar, como a questão do cemitério que não tem uma boa infraestrutura. 


Então, algumas discussões problematizadas irão continuar por meio dos professores. Não conseguiram inserir a matemática no projeto. Houve muita interação dos alunos, eles mesmos fizeram as entrevistas e gostaram de se verem na televisão. Eles querem postar o vídeo no youtube, mas para isso precisam da autorização do uso de imagem dos participantes. 
O diretor disse que para desenvolver o projeto precisaria avaliar os alunos, fazendo um portfólio, pois os alunos estavam precisando cumprir carga horária.
No trabalho utilizaram como referência Bakhtin, tratando sobre os gêneros textuais. Alfabetização audiovisual, oralidade. Proposta diferenciada, levar elementos que eles não conheciam, a câmera, etc. Preocupação com a escrita e o leitor e/ou expectador do vídeo.

 

Brincar é pra vida toda

Zaira LAL
Desenvolveu o projeto com alunos do ensino médio, 3º ano, por pensar que ao ficarem mais velhos vão abandonando as brincadeiras antigas. A discussão principal do projeto foi o brincar como função social, jogos educativos, raciocínio lógico, desenvolvimento da aprendizagem.
Teve que mudar de escola e turma. Então ela já chegou falando do projeto na primeira aula. Os alunos do 3º ano não aceitaram participar junto com alunos do 8º ano. Falaram que não gostam de estudar a tarde, pois tem alunos mais jovens do oitavo ano, e eles não gostam de se misturar, só para falar deste assunto foi uma aula inteira. Houve várias brincadeiras, corrida do ovo, laranja, etc. Alunos tomaram a frente e auxiliaram nas brincadeiras, relembrando os materiais que seriam necessários. A avaliação foi feita oralmente, por meio de perguntas norteadoras, os alunos gostaram bastante da metodologia.



Tradições Culturais

Vitor LAL, Dener MAT, Adriana LAL, Angélica MAT, Charles CSH
O projeto foi proposto pensando na importância da interação e valorização da cultura, uma vez que há uma diversidade cultural nas comunidades. Houve uma feira cultural onde os alunos também participaram e a partir daí, levaram a discussão para a sala de aula. Perguntaram aos alunos o que era cultura para eles. Fizeram um pequeno livro com receitas para abordagem do gênero textual (receita) e resgate das tradições culturais.  Conseguiram envolver as várias áreas no projeto. Pensaram em trabalhar também com cartas articulando medidas no cotidiano. Como culminância houve palestra sobre a cultura geraizeira. A secretária de educação convidou os alunos para participarem de uma feira. Faltou maior participação e interação com os gestores da escola.


Proposta interdisciplinar na construção de mosaicos

Gracirlane LAL, Cledidina CSH, Saulo MAT
O projeto foi pensado a fim de aliar arte com matemática, história e materiais recicláveis. Aulas teóricas e aulas práticas, slides para abordar a história da arte mosaicista, mosaico na arte bisantina.  Diversos materiais recicláveis foram utilizados. Após abordagem histórica, houve a construção dos mosaicos. Fizeram mosaico no muro da escola, utilizando diversos materiais, representando figuras relacionadas ao campo. Assim escolheram o girassol. Os jovens cobraram uma figura mais juvenil, pois a escola também atende o ensino infantil e tem muitos desenhos infantis. Foi possível demonstrar por meio da arte mosaico, a possibilidade de trabalhar diversas áreas. Inicialmente pensaram trabalhar com apenas uma disciplina, a Artes. Porém, sentiram que poderiam ter trabalhado com outras. Maior valorização do espaço escolar. Despertou o interesse dos alunos, isso é importante.

Apresentação do projeto no II Seminário
Mosaico desenvolvido pelos alunos na escola

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