II Seminário Pibid Diversidade LECampo FaE/UFMG
No dia 15/01/2018, nas dependências da Faculdade de Educação da UFMG, foi realizada pelos estudantes do LECampo/UFMG uma mística para abertura do II Seminário do PIBID Diversidade LECampo. Os estudantes cantaram um apelo para a manutenção do programa e o fim da residência pedagógica.![]() |
Mística de abertura do II Seminário do PIBID Diversidade LECampo |
O evento contou com a participação dos graduandos vindos de diversas cidades de Minas Gerais, os Supervisores do Campo, os Supervisores UFMG e os coordenadores dor programa na UFMG. Durante a manhã foram realizadas as apresentações sobre os Projetos de Intervenção Pedagógica elaborados e desenvolvidos ao longo do ano de 2017. As apresentações aconteceram em 6 salas temáticas: Leitura e Escrita; Matemática e Ciências; Meio Ambiente, Alimentação e Saúde; Geografia, Artes, História e Cultura; Educação do Campo: Sujeitos e Práticas.
Os projetos foram expostos pelos estudantes na forma de banners que posteriormente foram expostos no hall de entrada da FaE-UFMG e mais tarde levados para as escolas em que os estudantes realizaram suas atividades.
A seguir, e nas próximos postagens, apresentamos algumas considerações da relatora Maria Afonso que acompanhou os trabalhos apresentados na sala temática Geografia, Artes, História e Cultura; Educação do Campo: Sujeitos e Práticas.
Resgatando a história e a cultura do município de São João das Missões
Shirley CSH
No desenvolvimento do projeto, os alunos concordaram em participar apenas por ser uma atividade avaliada. Shirley aponta que os alunos são bem complicados de lidarem quanto a indisciplina. Houve diálogo para saber o que os alunos achariam mais importante para expor nos murais que seriam desenvolvidos da atividade. A mediadora Mônica fala sobre como desenvolver mecanismos para contornar o desânimo dos alunos como ponto crucial na formação de professores. É essencial a motivação dos professores e a forma como os alunos serão motivados. Mônica questiona como a estudante conseguiu motivá-los enquanto docente. Ela diz que ao iniciarem as pesquisas, os alunos foram se interessando mais pelo tema. A mediadora ressalta a importância de que cada docente saiba como fazer com que os alunos fiquem motivados pelas aulas e projetos. É preciso pensar situações para despertar o interesse dos alunos antes de começar o projeto, trazer convidados, envolver a comunidade. Shirley informa que o projeto foi desenvolvido na aula de Geografia.
Temas transversais como instrumento de compreensão e problematização
O projeto foi desenvolvido na EFA de
Natalândia/MG. Andreia é monitora da escola, fica uma semana na escola, uma semana
em casa. A escola está localizada em um assentamento de reforma agrária, a 17
Km de Natalândia, a associação do assentamento doou o terreno para construção da
escola que atende alunos a partir do 8º ano até o Ensino Médio oriundos de assentamentos
e agricultores familiares. Os temas propostos no projeto já eram familiares a eles. O objetivo era
consolidar conceitos, desconstruir conceitos transmitidos pela mídia,
desconfiar do que a mídia transmite. O tema surgiu a partir de problemas
ocorridos em um presídio, onde alguns presos foram decapitados e os Direitos
Humanos interviram a favor dos decapitados. Os alunos não concordavam com a
defesa dos presos. A discussão ficou em torno de como tratar um ser humano com
humanização em um sistema prisional. A estudante buscou contribuir com o processo de ensino
aprendizagem, discutir a visão distorcida que a sociedade tem a respeito dos
movimentos sociais, trabalhar os conceitos de Educação DO e NO campo.
Os temas abordados são relevantes para
fortalecer a luta pelos direitos sociais, a terra, por uma educação de
qualidade. Os alunos têm 26 disciplinas e os temas trabalhados foram discutidos
com os alunos e divididos em grupo antes de eles voltarem para o tempo
comunidade. Andreia diz que, pela pouca idade dos alunos, não foi possível aprofundar
muito os temas que são complexos. Andreia escolheu a escola por ter estudado lá
e atualmente ser monitora. Importante reforçar a valorização do campo e luta
pela terra com os alunos para que se percebam protagonistas da história da
luta perla terra.
Metodologia: O professor já vinha
fazendo o trabalho com os alunos. Então Andreia iniciou com a apresentação dos
temas, conceituando-os. A comentarista Mônica falou da importância de fornecer
subsídios aos alunos, antes de solicitar escrita de textos sobre o tema. É
preciso também identificar os textos, seus gêneros. Andreia reforça que a
discussão sobre o tema foi feito no TE e TC com duração de 18 dias.Foi falado que os professores não devem achar
que os alunos não dão conta de certos temas a serem trabalhados. Mas sim, tomar
consciência da importância do professor como mobilizador da aprendizagem dos
alunos.
Manifestações Culturais que fazem parte da história de Jequeri
Maura CSH
Maura diz que pensou seu projeto com
base em suas experiências com outros projetos: Manifestações Culturais que
fazem parte da história de Jequeri. Realizou as atividades na escola EE Padre Benevenuto, onde estudou e fez
estágio e atualmente cursa Magistério de nível médio. Escolheu o nono ano.
Teve desafios com a troca de professores com a qual havia feito o planejamento
e entrou de licença. Tem alunos difíceis, um aluno com deficiência, mas mesmo
com os desafios, ela realizou o projeto. Procurou os conceitos de cultura para
dar início aos trabalhos. Queria algo concreto para deixar na escola como fonte
de pesquisa, assim pensou em um livro simples.
Pensou que seria importante ter emoção no projeto.
A princípio os alunos
deveriam trazer informações das pessoas da família e comunidade, em relação a
cultura. Importante que o trabalho seja pontuado com nota pela professora, para
incentivar mais os alunos. O livro feito teve diversos textos produzidos pelos
alunos. A aluna acredita que os alunos relembraram a cultura de seus
antepassados, sendo possível contribuir na constituição de suas identidades. Mônica
reforça que, “talvez a dificuldade que alguns alunos tenham seja proveniente de
suas famílias e a escola é um lugar de explosão dos conflitos familiares. É na
escola que os alunos expressam os sentimentos de raiva, angústia. Neste
sentido, o professor precisa cada vez mais humanizar o processo de
aprendizagem. É preciso saber lidar com as emoções dos alunos, interagir com
eles, aprender e ensinar. É pelos sentidos que se mobiliza os alunos. Pelos
sentimentos”.
O que a escola está fazendo para que os
alunos não cheguem a escola só por causa de nota? É preciso pensar uma
formação holística, mobilizar os alunos a se desenvolverem enquanto sujeitos de
sua própria história, questiona Mônica.
O silêncio das memórias: o acontecer de Icaraí registrado na telinha
Elisane LAL, Jéssica CSH, Cleuves MAT
Desenvolveram o projeto na EJA 1º ano
do ensino médio, com 20 alunos de 17 a 45 anos. Apresentaram o projeto ao
diretor e solicitaram recursos tecnológicos. Apresentaram os temas aos
alunos e dividiram as equipes e roteiros. Pediram autorização para a pesquisa.
Cada um teve um momento para montar o roteiro, questões que eles mesmos elaboraram.
Dividiram o que cada um iria fazer no planejamento. Foram momentos de
descontração. Gravaram o jornal na bancada da câmara municipal. Para utilizar o
espaço enviaram ofício. Pesquisaram sobre a cooperativa, os menores e maiores
produtores de leite. Maior produtor: 800 litros/dia. Menor:
100 litros/dia (associados da cooperativa). Entregam na Nestlé. Para
culminância houve um jantar de confraternização, onde foi apresentado o jornal,
produto do trabalho dos alunos. Para avaliar pediram um texto dissertativo,
onde os alunos contaram sobre seu aprendizado. Se comprometeram muito,
inclusive trabalhando aos finais de semana já que a maioria trabalhava durante
o dia. No jornal, contaram várias
histórias do lugar, como a questão do cemitério que não tem uma boa
infraestrutura.
Então, algumas discussões problematizadas irão continuar por meio dos professores. Não conseguiram inserir a matemática no
projeto. Houve muita interação dos alunos, eles mesmos fizeram as entrevistas e
gostaram de se verem na televisão. Eles querem postar o vídeo no youtube, mas
para isso precisam da autorização do uso de imagem dos participantes.
O diretor disse que para desenvolver o
projeto precisaria avaliar os alunos, fazendo um portfólio, pois os alunos
estavam precisando cumprir carga horária.
No trabalho utilizaram como referência
Bakhtin, tratando sobre os gêneros textuais. Alfabetização audiovisual,
oralidade. Proposta diferenciada, levar elementos que eles não conheciam, a
câmera, etc. Preocupação com a escrita e o leitor e/ou expectador do vídeo.
Brincar é pra vida toda
Zaira LAL
Desenvolveu o projeto com alunos do ensino médio, 3º ano, por pensar que ao ficarem mais velhos vão abandonando as brincadeiras antigas. A discussão principal do projeto foi o brincar como função social, jogos educativos, raciocínio lógico, desenvolvimento da aprendizagem.
Teve que mudar de escola e turma. Então ela já chegou falando do projeto na primeira aula. Os alunos do 3º ano não aceitaram participar junto com alunos do 8º ano. Falaram que não gostam de estudar a tarde, pois tem alunos mais jovens do oitavo ano, e eles não gostam de se misturar, só para falar deste assunto foi uma aula inteira. Houve várias brincadeiras, corrida do ovo, laranja, etc. Alunos tomaram a frente e auxiliaram nas brincadeiras, relembrando os materiais que seriam necessários. A avaliação foi feita oralmente, por meio de perguntas norteadoras, os alunos
gostaram bastante da metodologia.
Tradições Culturais
O projeto foi proposto pensando na
importância da interação e valorização da cultura, uma vez que há uma
diversidade cultural nas comunidades. Houve uma feira cultural onde os alunos
também participaram e a partir daí, levaram a discussão para a sala de aula.
Perguntaram aos alunos o que era cultura para eles. Fizeram um pequeno livro com receitas para abordagem do gênero textual (receita) e resgate das tradições culturais. Conseguiram envolver as várias áreas no
projeto. Pensaram em trabalhar também com cartas articulando medidas no cotidiano. Como culminância houve palestra sobre a cultura geraizeira. A
secretária de educação convidou os alunos para participarem de uma feira.
Faltou maior participação e interação com os gestores da escola.
Proposta interdisciplinar na construção de mosaicos
Gracirlane LAL, Cledidina CSH, Saulo MAT
O projeto foi pensado a fim de aliar
arte com matemática, história e materiais recicláveis. Aulas teóricas e aulas
práticas, slides para abordar a história da arte mosaicista, mosaico na arte
bisantina. Diversos materiais
recicláveis foram utilizados. Após abordagem histórica, houve a construção dos
mosaicos. Fizeram mosaico no muro da escola, utilizando diversos materiais,
representando figuras relacionadas ao campo. Assim escolheram o girassol. Os
jovens cobraram uma figura mais juvenil, pois a escola também atende o ensino
infantil e tem muitos desenhos infantis. Foi possível demonstrar por meio da
arte mosaico, a possibilidade de trabalhar diversas áreas. Inicialmente
pensaram trabalhar com apenas uma disciplina, a Artes. Porém, sentiram que
poderiam ter trabalhado com outras. Maior valorização do espaço escolar.
Despertou o interesse dos alunos, isso é importante.
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Apresentação do projeto no II Seminário |
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Mosaico desenvolvido pelos alunos na escola |